António Costa está a ser acusado de contradição, depois de ter vindo a público manifestar-se chocado com as touradas. É que quando era presidente da Câmara de Lisboa distinguiu um forcado pela “valentia” na “arte taurina”, e assistiu à tourada da cerimónia de condecoração.
Estávamos no ano de 2010, com António Costa como presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), quando o então autarca condecorou o forcado José Luís Gomes com a medalha municipal de mérito, grau ouro, pela “sensibilidade e valentia próprios desta arte taurina”, como se destaca na deliberação camarária, que foi aprovada por unanimidade.
A cerimónia de condecoração incluiu uma tourada a que António Costa assistiu, com os devidos aplausos, como é patente num vídeo que está a ser partilhado nas redes sociais.
As imagens reforçam as acusações de contradição contra António Costa que, no passado dia 11 de Novembro, escreveu uma carta aberta a Manuel Alegre, referindo-se à tourada como uma “manifestação pública de uma cultura de violência ou de desfrute do sofrimento animal”.
“Choca-me que o serviço público de televisão transmita touradas. Mas não me ocorre proibir a sua transmissão”, escreveu ainda o primeiro-ministro, numa resposta a Manuel Alegre que pediu a António Costa para não excluir as touradas da medida de descer o IVA dos espectáculos, que está inscrita no Orçamento de Estado para 2019 (OE2019).
O movimento pró-touradas está a aproveitar a condecoração concedida por António Costa ao forcado para apelar à demissão da Ministra da Cultura, Graça Fonseca, nomeadamente através de uma petição, por ter defendido que “não é uma questão de gosto, mas de civilização” o facto de o IVA das touradas não ser reduzido.
Mas nas redes sociais, o que mais abunda são críticas ao primeiro-ministro e há quem o acuse de ser “um artista, não só na arte de fazer política, como na arte de bem tourear em toda a sela”.
O gabinete do primeiro-ministro já veio a público rejeitar a ideia de que haja qualquer tipo de contradição na postura de António Costa. Numa nota enviada ao Público, destaca-se que o governante esteve na cerimónia de condecoração “a título institucional, enquanto presidente da CML”.
Além disso, “António Costa, por representar todos os lisboetas” como presidente da Câmara, “também marcou presença em várias cerimónias de diferentes religiões e em jogos internacionais dos diferentes clubes da cidade”, constata o gabinete do primeiro-ministro.
SV, ZAP //
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