As Lojas de Cidadão e afins estão a recrutar tarefeiros, a recibo verde ou outra cor qualquer, desde que descontem, a fim de garantirem bom nível de serviço.
A urgência deste recrutamento deve-se ao facto de, desde a meia-noite de ontem, 23 de janeiro de 2011, se terem formado longas filas de portugueses e portuguesas para adquirirem o respectivo CARTÃO DE CIDADÃO.
Segundo algumas pessoas, estavam ali para obter o seu cartão de cidadão por "não quererem comprometer-se com mais palhaçadas destas e quererem passar o seu dia de descanso sem terem de cumprir essa coisa de “direito cívico” e clamavam por igualdade de direitos.
Na Loja do Cidadão de Belém, onde a Dona Maria acabava de endireitar o nó da gravata do Senhor Aníbal, chefe da repartição, ocorreram algumas manifestações onde se podiam ouvir as seguintes palavras de ordem:
-“Queremos fazer parte dos 54%”
Ou
- “Hoje são 54%, amanhã seremos 100%”
Na sequência desta manifestação, a PSP fez deslocar para o local um contingente de agentes da autoridade, munidos de algemas de uso duvidoso (não, não é o que pensam…é daquelas que não fecham ou, se fecham, toda a gente abre).
No comando deste contingente estava o subchefe Defensor que, por não estar a chover, não se importou de sair à rua.
No rio Tejo estava, MUITO BEM ancorado, antes que afundasse, um “daqueles” submarinos.
Em cima dele, submarino, com colete de salva-vidas e cravo à lapela, estava um ex-poeta/ex-deputado/ex-candidato/ex-ex, que declamava, não muito Alegre, virado para o estuário de Tejo:
Ó BPN, BPN
Ó BPN das acções
Ó BPN, BPN
Não me safaste nas eleições
Do lado de lá do rio, no topo do Cristo-Rei, o electricista Lopes, ajudado pelo que parecia ser o índio Jerónimo (estavam longe…) iam trocando as lâmpadas da cabeça da estátua e davam conta de mais uma estrondosa vitória daqueles que têm cartão de cidadão, os tais 54%, mais uns quantos que não têm cartão mas nunca se importam de sair de casa…”assim como assim, sempre se dá uma volta, porra”,... mais ou menos 8%.
Consta que o Cristo-Rei ficou com dores de cabeça.
Estavam com alguma pressa porque ainda iam substituir as lâmpadas da ponte Salazar, perdão, 25 de Abril, perdão, PONTE SOBRE O TEJO, PORRA!
Lá dos lados dos pasteis de Belém…hhhmmm com muita canela e açúcar sff… descotinou-se o que pareciam ser os tanques anti-motin-anti-nato.
Nesse momento fez-se silêncio…
- A Dona Maria disse qualquer coisa ao ouvido do Senhor Anibal, ao mesmo tempo que lhe limpava as beiças do pastel de nata do pequeno-almoço.
- O subchefe Defensor abriu de imediato o chapéu de chuva…
- O ex-ex, ex-ex… aproveitou e, antes que “aquele” submarino afundasse, saltou para a margem e correu para o que se pensava ser os tanques anti-motin-anti-nato, distribuindo cravos, Alegremente, e gritando “abaixo o cartão de cidadão e viva o BPP” (!?).
- Uma galinha corre desalmada por entre a multidão, fugindo de um Nobre empurrado por um Mário, “mon AMI”.
O Nobre aguenta-se e ainda aproveita a oportunidade para agradecer aos que estão na fila e pedir-lhes que não queiram cartão de cidadão.
Mário aproveita para, de fininho, sair da cena.
Entretanto os tanques anti-motin-anti-nato, não eram mais que autocarros de turistas.
Pararam em frente à Loja e de lá saíu uma molhada de chineses que perguntavam insistentemente:
- “onde podemos complal divida publica poltuguesa?”
Do meio de uma enorme confusão…os poltugueses a tental falal mandalim,…os chineses a tental complal a divida, de “souvenil”…...o condutor do autocarro de turistas aparece com se fosse um Coelho a sair de uma cartola.
Pendurado numa coleira trazia um Jardim murcho.
Passeou-se por ali, chamou uns quantos chineses e portugueses para o lado dele, tirou umas fotografias e umas fotoglafias e desapareceu com o autocarro, directamente para o aeroporto, depois de ter dito aos chinocas…”a Madeila é um jaldim”.…
Depois disto:
- a fila de pretendentes ao Cartão de Cidadão aumentou substancialmente
- as Lojas de Cidadão continuam à procura de tarefeiros…a recibo verde
- Portugal…continua!
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